Criamos este blog por reconhecermos o grau de importância em aceder a informação sobre a cirurgia LASIK, na perspectiva dos potenciais interessados em se submeter a essa intervenção, onde fossem exploradas as questões relacionadas com os riscos das cirurgias refractivas - informação essa que não me parece estar a ser disponibilizada em nenhuma clínica em Portugal, tanto quanto é do meu conhecimento, levando a que as pessoas corram riscos sem terem a consciência desse facto, não tendo, por isso, feito uma opção devidamente informada.Em muitos países é obrigatório o consentimento informado prévio à cirurgia. Na Argentina, a “Sociedad Argentina de Oftalmologia” obriga à assinatura de um termo de consentimento onde são descritas as principais complicações que podem decorrer da cirurgia e a frequência em que ocorrem. A título de exemplo: está previsto que 4 em 100 casos podem diminuir a visão, ainda que com o recurso ao uso óculos ou lentes de contacto, os descentramentos também podem ocorrer. Há complicações mais graves que só poderão ser resolvidas com transplante da córnea. Alerta também para o facto de, em última instância, embora pouco frequente, a intervenção poder levar à cegueira, sem recurso a qualquer tipo de intervenção correctora.Há várias situações de pessoas que foram submetidas a cirurgias refractivas do tipo LASIK e que têm diversas problemáticas decorrentes do insucesso das mesmas. Em geral, essas pessoas não tinham informação prévia acerca dos riscos que corriam. Servirá também este blog para explorar a possibilidade da criação de uma associação. Associação essa que permita às pessoas não permanecerem isolados no seu problema de dificuldades de visão e actuarem no âmbito da prevenção de futuras situações, bem como pressionar a Ordem dos Médicos no sentido de obrigar a que haja uma adequada informação aos candidatos à cirurgia. Estamos convencidos que isto também levaria os médicos a fazerem uma selecção mais cuidada aos candidatos, já que algumas destas complicações são muito mais frequentes em pessoas com determinadas características da córnea, que as potenciam e em relação às quais a probabilidade de ocorrerem é muito mais elevada do que os “negligenciáveis “ números baixos relativos à população em geral, refiro-me, p. ex. ao ceratocone (que se progredir rapidamente leva à cegueira, havendo hipótese de realizar transplante de córnea). De referir que existe um estudo no Brasil que correlaciona factores pré operatórios desencadeantes que teriam de ter sido detectados num sério diagnóstico prévio à cirurgia.Quanto aos riscos a longo prazo, aí, embarcamos todos “às cegas”, pois ainda só decorreram pouco mais de dez anos das primeiras experiências.